Sol distorcido - por Helio Carvalho Vital* / RJ.
Sol distorcido - por Helio Carvalho Vital* / RJ.
Enquanto tirava fotos do Sol, notei que sua imagem parecia estranhamente deformada, por interveniência das nuvens. Apesar de seus 5° de altitude, o seu limbo superior tinha esticado para cima, enquanto o seu limbo inferior mostrava-se achatado (veja foto abaixo).
Então, enquanto o Sol se aproximava ainda mais do horizonte, eu notei que sua imagem tomou a forma de diamante (veja primeira foto abaixo), antes de se transformar numa redoma invertida (veja a segunda foto abaixo), surpreendentemente parecida com a figura de um vaso de pressão que envolve o núcleo de um reator nuclear.
Dois minutos mais tarde, o topo do Sol simplesmente se destacou (veja foto abaixo), permitindo-lhe recuperar sua aparência normal.
O que poderia ter acontecido? Eu acho que foi um fenômeno atmosférico, não muito diferente de um pilar do Sol, produzido por cristais de gelo nas nuvens intervenientes, que se comportaram como prismas e espelhos, refratando e refletindo a luz solar entre suas formações e espalhando-a ou dispersando-a ao longo de direções preferenciais. Aparentemente, o disco solar apresentava um aspecto alongado na vertical, enquanto que também parecia esticado horizontalmente. Ambos os efeitos combinados em diferentes intensidades, produziram as diferentes formas, que foram mudando enquanto o Sol estava se pondo.
As fotos foram tiradas por Helio Carvalho Vital / RJ, com uma Câmera Sony Cyber-Shot DSC-HX300 (fotos processados com PhotoScape para reduzir o brilho).
Data & Hora: 29 de maio de 2016, de 19:51 até 19:55 UT.
* Hélio de Carvalho Vital é físico, formado pela UFRJ, onde também cursou várias disciplinas do bacharelado em Astronomia. Mestre pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e doutor (PhD) pela PurdueUniversity (EUA, 1985), ambos em Engenharia Nuclear, é pesquisador do Centro Tecnológico do Exército, atuando na área de Física de Reatores e Radiações Nucleares. Especialista em conservação de alimentos por irradiação, é professor colaborador do IME, da UFF e da UFRRJ. Dedicado à Astrofotografia e à Computação Astronômica, dirige a Seção de Eclipses Lunissolares da Rede de Astronomia Observacional (REA).
Texto original em inglês:
As I was taking photos of the setting Sun, I noticed its image looked unusually deformed by intervening clouds. Despite its 5° altitude, its upper limb had stretched upwards, while its lower limb had flattened (second photo). Then as it further approached the horizon, I noticed its image became diamond-shaped (third photo), before turning into an inverted bell jar (first photo), amazingly resembling the figure of a pressure vessel of a nuclear reactor. Then a couple of minutes later, its top simply detached (last photo), allowing it to recover its normal appearance. What could have happened? I guess it was an atmospheric phenomenon, not very different from a sun pillar, produced by ice crystals in the intervening clouds, that behaved like prisms and mirrors, refracting and reflecting sunlight between their faces and scattering it along preferencial directions. Apparently, the Sun`s disc was elongated vertically, while also being stretched horizontally. Both effects combined in varying intensities, producing the different shapes that changed as the Sun set. The photos were taken with a Sony Cyber-Shot DSC-HX300 camera between 19:51 and 19:55 UT and processed with PhotoScape to reduce glare.