Sobre o Eclipse Lunar Total de 27/07/2018 - por Helio C. Vital
24/07/2018
Cadê a Lua?
Temos lido previsões relativas ao eclipse lunar total de 27 de julho de 2018 (pouco após o pôr do Sol na Sexta-feira próxima) e nos surpreendido com várias delas. Previsões confiáveis exigem análises criteriosas, adaptadas às nossas reais condições de observação. Pois bem, todos sabemos quão pálida a Lua Cheia normalmente se mostra quando está nascendo.
Agora imaginemos que essa mesma Lua está passando junto ao centro da sombra terrestre, onde a luz solar que a atinge reduz-se a uma fração de milésimo daquela que normalmente a banha. Agora imaginemos novamente o nascer dessa Lua tão obscurecida em virtude do eclipse total. Será que conseguiremos vê-la nascendo? Infelizmente, não! A atmosfera reduz intensamente o brilho aparente dos astros junto ao horizonte, o que denominamos de extinção atmosférica. Somemos a isso o fato de que estamos nos referindo aos minutos que sucedem o pôr do Sol, quando o céu ainda estará muito claro.
Poderemos então imaginar quão longe da visibilidade a Lua totalmente eclipsada e muito baixa sobre o horizonte estará nos primeiros minutos após a hora prevista para seu nascer, mesmo com auxílio de instrumentos. Fizemos umas contas e concluímos que o período dessa espera deverá se estender por surpreendentes 25 a 30 minutos para o Sudeste brasileiro, durante os quais ouviremos as expressões: "Cadê a Lua?" Ou "a Lua Sumiu!" ou ainda "a Lua está muito atrasada". Consequentemente, alguns observadores (e não serão poucos), somente a identificarão após o início da segunda fase parcial, em virtude do débil contraste entre o disco lunar e o fundo do céu crepuscular.
Por outro lado, teremos uma pequena ajuda de Marte em oposição, o qual poderá ser utilizado como referência para localizarmos a Lua, mesmo que isso ocorra apenas alguns poucos minutos antes do término da totalidade. De qualquer forma, registrem o instante da primeira percepção da Lua e de Marte. São informações que podem nos ajudar a estimar o brilho da Lua no meio do eclipse. Tentem fotografar a Lua ainda na fase total, embora o baixíssimo contraste possa fazer disso um desafio e tanto.
Durante a saída das crateras da sombra da Terra, observem ao telescópio, registrando os instantes desses contatos, para que possamos aferir a fração da sombra contribuída pela atmosfera terrestre. Em resumo, será um eclipse muito escuro, não por efeito de grandes explosões vulcânicas recentes (esse efeito deverá ser pequeno neste eclipse), mas principalmente, porque a Lua penetrará profundamente na sombra da Terra, num eclipse anormalmente longo. Estamos prevendo para o meio do eclipse: magnitude da Lua igual a m= -0,4(+-0,8) e Número de Danjon L= 1,4 (+-0,6).
Não deixem também de visitar nosso projeto de observação (em http://www.lunissolar2003/EL201807.htm e de enviar seus registros (fotos da totalidade, estimativas de brilho da Lua durante a totalidade, por comparação com Marte, e cronometragens de contatos) para nosso e-mail: lunissolar@gmail.com. E boas observações a todos!
Helio C. Vital - RJ
Coordenador de Eclipses da REA (Rede de Astronomia Observacional)